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Marta Eliana de Oliveira
Promotora de Justiça do MPDFT

Vivendo no Berço das Águas, nós, de Brasília, preferimos imaginar abundância a perceber que berço é o abrigo de um ser frágil e pequeno, que necessita de intensos cuidados.

Vivemos numa terra de recém-nascidas que, se bem cuidadas, viram córregos e depois ribeirões, que se transformarão em rios. Nesse nosso nascedouro as águas brotam de uma rede delicada, integrada por solos encharcados e macios, veredas e campos de murundus interligados a uma vegetação que os protege.

Mas, como não cuidamos das nossas recém-nascidas, agora a conta da água chegou. E chegou na forma de escassez — fruto da nossa ganância, da nossa ânsia de querer sempre mais, como se a água fosse um recurso infinito. Mas não é. 

Aterramos nascentes como se a fonte não secasse. Mas seca. Desperdiçamos água no campo em grandes pivôs centrais, a monocultura avançou e vimos a pecuária transformar o Cerrado em pasto. Administradores não planejaram, incharam as cidades doando lotes, prometeram que haveria água por cem anos, incentivaram a grilagem e a ocupação desordenada - tudo pelo poder. Sempre ele.

Cortamos árvores, impermeabilizamos o solo, furamos poços por todos os lados e nos cercamos de concreto e asfalto. Construímos uma metrópole sem preocupação com o dia de amanhã, como se ele nunca fosse chegar. Mas chegou.

Agora, além do reforço no abastecimento em captação que virá de fora, é imperioso cuidar dos nossos mananciais aqui, na nossa terra, trazendo as águas de volta: reflorestar, infiltrar a água da chuva, produzir em agrofloresta. É hora de mudar para o consumo consciente e deixar de desperdiçar. Fazer uso da água da chuva e da água da máquina de lavar.

A crise ensina: o tempo de esbanjar água sem pensar nas consequências acabou. E se o nosso berço ficar vazio padeceremos todos.

Jornal de Brasília - 30/1/2017

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