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Eles são a livre manifestação de pensamento de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da Instituição.
Ivaldo Lemos Junior
Procurador de justiça do MPDFT
De vez em quando você escuta a locução “crime inafiançável”. As pessoas enchem a boca para proferi-la, como se designassem algo formidando, feérico. Crime “inafiançável” evoca perfumes mais infernais do que os dos círculos do “hediondo”, do “gravíssimo” ou outros adjetivos que desafiam nossa capacidade de assimilação. É por causa da ortoépia. “Inafiançável” é um vocábulo vistoso, de 1.96 de altura, musculoso, queixo quadrado, cara de mau. Pronuncia-se cada letra com uma exemplar coincidência entre o gabarito escrito e a oralidade vacinada contra sotaques e falhas apressadas, como erros de concordância mínimos porém humilhantes.
Ivaldo Lemos Junior
Procurador de justiça do MPDFT
Existe uma expressão, “aprendiz de feiticeiro”, que se usa para designar aqueles que começam a solucionar um problema mas não conseguem terminar a tarefa. O aprendiz de feiticeiro sabe fazer a bruxaria mas não sabe desfazê-la, e a coisa fica pela metade, se não ficar pior. A propósito, pode reparar: as revoluções políticas são sempre assim. Nenhuma sabe direito como será o mundo se triunfarem suas propostas difusas de felicidade; isso a gente vê depois. O truque é vender a ideia que elas ainda não acabaram e então não acabam é nunca.