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Ivaldo Lemos Junior 
Promotor de Justiça do MPDFT

Existem muitos brocardos que tratam da conexão existente entre aparência e realidade, ou seja, entre as coisas da vida como efetivamente são e como se apresentam a olho nu. Brocardos estereotipam o pensamento sobre determinado assunto que o tempo, a experiência e a sabedoria se encarregaram de consolidar e transmitir.

Em latim já foi dito que "vestis virum reddit" (a veste faz o homem), "plebs bene vestitum stultum putat esse peritum" (a plebe considera sabido um idiota bem vestido), "cultus concessus atque magnificus addit hominubus... auctoritatem" (um traje adequado e magnífico acrescenta autoridade as pessoas), "ex habitu colligitur persona hominis" (pelos trajes se deduz a personalidade do indivíduo).

Há variações dessas frases em vários idiomas; talvez em todos. Só para lembrar de mais duas, do esteta e provocador Oscar Wilde, "it is only shallow people who do not judge by appearances" (somente as pessoas superficiais não julgam pelas aparências) e "only superficial people can't be superficial" (somente pessoas superficiais não conseguem ser superficiais).

Mas existem provérbios no sentido exatamente contrário: "frontis nulla fides" (não te fies na fachada), "decipit/frons prima multos" (a muitos ilude a aparência exterior), "falsa est fiducia formae" (é falso confiar na forma exterior), "fallaces enim sunt rerum species" (enganadoras são as aparências das coisas).

Em português, parece que fazemos mais dissociações do que associações. Não é por mero acaso que dizemos que "as aparências enganam" e não que "as aparências não enganam". Estamos sempre a repetir que "quem vê cara não vê coração" (e não quem vê cara vê coração) e que "o hábito não faz o monge" (e não que o hábito faz, sim, o monge).

Por um lado, temos o provérbio grego, segundo o qual "a barba não faz o filosofo". Por outro, Sam Slick vem a nos avisar que "um homem se converte em filosofo no momento em que acende seu cachimbo". Afinal, as aparências enganam ou não?

Jornal de Brasília

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