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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Em artigo anterior, constatei o fato óbvio de que temos emoções, básicas e complexas. Mas a pergunta é: por que as temos? Antes de mais nada, porque estamos inseridos no mundo, ou melhor, num mundo desorganizado e repleto de problemas, conflitos, mistérios e surpresas, muitas das quais tremendamente desagradáveis. Precisamos, assim, situar-nos, saber onde pisamos, tentar prever o que vai acontecer e nos anteciparmos. Não temos alternativa senão nos adaptarmos à vida, porque o contrário não ocorrerá. Mesmo celebridades (de modo especial as fugazes) que têm o mundo aos seus pés não conseguem tudo o que querem, nem por muito tempo. Um dia serão esquecidas e desprezadas.

Ainda na juventude, Julián Marías propôs um conceito de razão, que não abandonou no meio século que se seguiu à sua fecunda vita contempativa: "apreensão da realidade em sua conexão". Uma definição concisa e elegante, que contrapõe emoção não tanto à razão - ou ao "ver as coisas como realidade, e não meros estímulos, e descobrir as conexões entre seus elementos integrantes" - mas à lógica pura. Alguns autores de língua inglesa chamam esse estado de "bounded rationality".

Não somos nem queremos ser entes estritamente matemáticos, como aquele Dr. Spock e, na realidade tal como ela se apresenta, a regra é que dispomos de pouca informação, tempo curto e interesses confusos ou divergentes. As emoções ajudam na tomada de decisões e no repertório das ações justamente no contexto do imperfeito, principalmente quando a situação é novidade. Isso vale mesmo quando erramos, ou mesmo quando, "desesperados, nos abandonamos à sorte, e decidimos não decidir" (Ortega y Gasset).

Até as decisões bem refletidas nunca são 100% isentas de emoções. Vejamos o exemplo da compra de um automóvel. Com toda a calma, o sujeito avalia vários quesitos, como situação financeira, potência do carro, tamanho, acessórios etc. Mas é improvável que a beleza do design e da cor, e outros detalhes bobos, sejam totalmente irrelevantes.

Jornal de Brasília

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