Seu navegador nao suporta javascript, mas isso nao afetara sua navegacao nesta pagina MPDFT - Nojo

MPDFT

Menu
<

Ivaldo Lemos Júnior
Promotor de Justiça do MPDFT

Existem cinco emoções básicas, a saber: alegria, tristeza, raiva, medo e nojo. Todas são rigorosamente universais porque existiram, sem exceção, em todos os povos de todos os lugares em todos os tempos. Assim como as expressões faciais e corporais que as acompanham.

Sujeitos incapazes de experimentar tais emoções básicas são considerados portadores de distúrbios psicológicos ou mentais, a serem cuidados por especialistas. Esse diagnóstico não trata de uma "questão cultural", simplesmente. A cultura entra em cena apenas como regulador - via de regra negativo -- daquilo que já está gravado em nossos genomas, fruto da história evolucionária da espécie, e que é exteriorizado pela via dos comportamentos individuais.

É por isso que as pessoas não costumam sair pulando na rua quando estão muito contentes (por ex., aqueles que estão muito apaixonados são vistos com extrema irritação) nem saem quebrando tudo o que encontram quando assaltadas por raiva aguda. Existem mecanismos de controle das emoções, que começam com a indiferença e o ar afetado de superioridade civilizada, e terminam na cadeira elétrica ou na injeção letal.

Emoções mais complexas costumam agregar traços das mais básicas. Por ex., saudade pode ser um misto de tristeza pela ausência da pessoa querida com alegria de revê-la (0u senão pode ser só tristeza, no caso de uma saudade irrecuperável). Ciúme é uma mistura de medo da perda do objeto amado e raiva por se sentir ameaçado ou derrotado. O componente principal do desprezo eu diria que é o nojo, mas a ele pode se juntar raiva ou mesmo alegria - decorrente do alívio de ter se livrado de alguém indesejado na sua vida. Vergonha ou remorso doem porque são um pouco de todas as emoções ruins.

Mas nada é mais complexo do que o amor, que nem é apenas um sentimento, mas aquilo que transforma um enigma numa oração. Isso não se dá pela amizade nem pelo desejo, mas pelo combustível da compaixão. Dizê-lo é pouco romântico mas até uma pitada de nojo vai bem.

Jornal de Brasília

.: voltar :.