Seu navegador nao suporta javascript, mas isso nao afetara sua navegacao nesta pagina MPDFT - Nas mãos da Justiça

MPDFT

Menu
<

Mariana Fernandes Távora e Tiago Alves de Figueirêdo
Promotores de Justiça do MPDFT 

 "Um divórcio é um triplo salto mortal em câmera lenta: morre em nós o outro, morre essa metade de nós que pertencia ao outro (...). E tudo isto morre devagar, aos soluços, sem ritos fúnebres nem cerimoniais de apaziguamento. Não há flores nem lágrimas nem orações nem homenagens; o enterro dos que um dia foram amantes eternos decorre num tribunal, território de crimes e culpas, lugar dos castigos que aliviam a consciência colectiva." (Nas tuas mãos, Inês Pedrosa, Ed. Planalto)

Preocupam-nos os casais em crise que chegam aos fóruns entremeados por um discurso violento. Ensimesmados numa dinâmica, muitas vezes transgeracional, buscam que a Justiça lhes estenda as mãos. Pedem que o agressor saia do lar. As crianças não pedem, mas clamam silenciosamente por ajuda. Não querem mais observar o drama dos pais. E nós tentamos intervir com pobres palavras que achamos ajudar: "que você saia de casa; que não mantenha contato com ela". Outras vezes, porque não resolve simplesmente mandar, a ordem é para prender.

Esquecemo-nos de que polarizar acirra a guerra, destroça mais o que a violência já dilacerou. Buscamos etiquetar para dar respostas à consciência coletiva que clama por justiça. Melhor seria fazer com que cada casal desconstruísse seus papéis; que se mostrasse ao homem que ele não é o algoz que alguém lhe disse que era, e que a mulher não é a vítima que lhe disseram ser e que, juntos, podem erigir um novo modelo, ensinando aos filhos que o feminino e o masculino são subjetividades que se misturam, e que é bom que seja assim, para que se tornem mais livres e, por isso, mais compreensivos no lidar com o outro.

E quem sabe um fórum não mais será um "território de crimes e culpas, lugar dos castigos que aliviam a consciência colectiva".

Jornal de Brasília

.: voltar :.