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Marta Eliana de Oliveira
Promotora de Justiça do MPDFT 

O Cerrado cobriu-se de luto pela perda da professora Jeanine Felfili. Uma lástima para todos nós, cerratenses de coração e de nascença.

Ao conhecê-la, aprendi a diferença entre a mata preservada e a degradada e me encantei com seu jardim de plantas nativas. Fora dos padrões previsíveis, o jardim de Jeanine tinha a cara linda do Cerrado.

Simples, não gostava de holofotes. Não precisava. Era PhD e pesquisadora respeitada. Só que, longe de se encerrar no pedantismo intelectual, teve a sabedoria de tornar seu conhecimento um benefício para todos.

Em 2007, para neutralizar a emissão de carbono de uma expedição de jipe, minha família decidiu plantar árvores na mata ciliar do Ribeirão do Gama. Levamos as crianças, para um contato direto com o plantio e seu significado. Tão logo adentramos a mata, aflorou em Jeanine a educadora. De enxada em punho, falava sobre a mata e as mudas nativas. Dava gosto de ver algo que remetia ao sagrado acontecendo nos olhos dos pequenos.

Na revisão do PDOT, os ambientalistas de Brasília se uniram por um ordenamento territorial sustentável. Jeanine, guerreira tarimbada nessas lutas, pensava em novas soluções e não esmorecia com as derrotas.

Sabia que enfrentar o poder econômico reduz as chances de êxito, mas sua percepção quanto a ganhar ou perder era outra. Ao me ver abatida pelos fracassos, disse que ainda quando perdemos, ganhamos. Tinha convicção de que nossa resistência fazia diferença.

Ainda nos falta a ética do cuidado, mas logo perceberemos que “o projeto de crescimento material ilimitado sacrifica 2/3 da humanidade, extenua os recursos da Terra e compromete o futuro das gerações vindouras” (Leonardo Boff). Até lá, Jeanine, apesar das aparentes derrotas, inspirados em suas atitudes, seguiremos fazendo a nossa parte.

Jornal de Brasília

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