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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Duas coisas me chamaram a atenção no reality show, digo, processo judicial do Johnny Depp. O primeiro foi o esplendor físico de Amber Heard. Que pescoço! Que zigomas! (Observação: parece que o nariz sofreu um leve retoque cirúrgico porque, afinal, sempre dá para dar uma melhorada nos detalhes. Maquiagem, tratamento de cabelo, sobrancelhas, cílios, unhas etc., são recursos artificiais que modificam consideravelmente a embalagem, ainda que a título temporário. A Amber do tribunal, com a cara amarrada ou de vítima, não é a mesma dos tapetes vermelhos, após horas de salão, alta costura e joias das melhores grifes).

A segunda coisa foi a juíza, que conduziu os trabalhos exemplarmente. Suave mas firme. Educada. Discreta. Imparcial. Não tentou roubar a cena, não permitiu barracos entre advogados. Não houve barracos. Tudo limpinho, civilizado, fino. E olha que o assunto era explosivo, com intimidades constrangedoras vindo à tona e muita fofocaiada.

A oportunidade é imperdível para dirigir perguntas indiscretas a uma celebridade. Para um repórter, ela não é obrigada a responder e até pode se permitir uma atitude atravessada. Mas ali é a Justiça, um lugar cerimonioso, talvez misterioso e talvez até meio esotérico. Essa coisa do “under oath” (juramento de dizer a verdade) tem um valor ético e epistemológico imenso.

No habitat das estrelas de cinema, o show business, as pessoas constroem personagens e acabam se tornando uma espécie de meta-personagem nas paralelas do mundo de mentirinha dos filmes. Suas vidas se tornam relativamente fictícias, para melhor (quando estão magnificamente preparadas para os holofotes), para pior (quando são pilhadas por paparazzi na rua, de chinelo e jeans rasgados, levando os filhos para o pediatra) ou empate (com Johnny Depp no Forum, vestindo ternos cafonas e um monte de anéis extravagantes nos dedos).

Jornal de Brasília - 27/7/2022

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