Seu navegador nao suporta javascript, mas isso nao afetara sua navegacao nesta pagina MPDFT - Gustavo Lima Braga

MPDFT

Menu
<

Tamanho da fonte:

Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT 

Qual a relação entre a figura do “advogado famoso” e o tal “notável saber jurídico”? O advogado é famoso porque é bom ou é bom porque é famoso?

Antes de mais nada, vamos convencionar que o advogado ser ou não “bom” é algo que pertence à perspectiva do cliente. Se este teve o problema resolvido, seja como autor, seja como réu, o causídico que escolheu foi tão eficiente para ele quanto o odontólogo que curou uma dor de dente que o atormentava.

Quando o sujeito está numa enrascada legal, ele se dispõe a pagar os honorários de seu “patrono” para vencer a demanda e ganhar o máximo (ou perder o mínimo) possível. Está pouco ou nada interessado em diplomas na parede ou palestras aborrecidas, pontilhadas de palavrório em latim.

Talvez o cliente sinta confiança em um advogado que nem é lá tão conhecido assim mas demonstrou domínio, não ficou se elogiando nem interessado deslavadamente em grana. Melhor este do que outro que fez questão de avisar e repetir que é professor universitário ou palestrante requisitado mas deslizou em um erro de concordância nominal – algo insuportável para ouvidos gramaticalmente mais suscetíveis.

O tipo “porta de cadeia” pode ser exatamente o que sujeito esteja procurando, se aconteceu de ser preso meio de bobeira (e.g., comprou um capacete roubado numa lanchonete) e quer se ver livre antes que seu patrão perceba. O porta não conhece teorias jurídicas mas maneja o fio de Ariadne, sabe em que situações os juízes costumam manter preso ou soltar, sabe o que argumentar em sua petição, ainda que o faça em estribilhos opacos.

Famoso ou não, só dá para avaliar o saber do advogado se ele o permitir, ou seja, se tiver uma obra que possibilite o acesso a seu patrimônio intelectual. Dos bam bam bans por aí, vejam quantos têm livros publicados, teses ou mesmo peças forenses (verdadeiramente) escritos por eles mesmos.

Jornal de Brasília - 22/9/2021

Os textos disponibilizados neste espaço são autorais e foram publicados em jornais e revistas. Eles são a livre manifestação de pensamento de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da instituição.

.: voltar :.