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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Mais uma briga verbal envolvendo integrantes do STF. Nada tão intenso quanto as mais supremas das altercações recentes, pilhadas pela indiscretíssima TV Justiça (a medalha de ouro foi aquela do “você é uma pessoa horrível”). Quem sabe um dia será reinventada a expressão “aplicar” a Constituição, em um sentido bem literal, o de “jogar” sua encadernação, de preferência de capa dura.

O arranca-rabo em questão, entre os ministros MA e AM, começou com aquele dizendo que este gosta de falar mas não de ouvir. Trata-se de um puxão de orelha, afinal, de um homem que tem idade para ser pai do outro (22 anos de diferença) e que compõe a corte há bem mais tempo (27 anos). Embora o pito fosse tolerável, o colega mais moço não passou recibo. Reconviu, apontando que o outro também exagerava no falar - e para a imprensa. A coisa engrossou, com insinuações recíprocas de serem ambos informantes em off das gazetas noticiosas. 

Toda a gente sabe que juiz deve atender a imprensa no mínimo do mínimo ou, de preferência, nem isso. Sua vida é entre sua casa, o fórum e compromissos docentes ou culturais. Vida privada, a mais recatada possível. Bebedeiras e escândalos em geral por aí, mas nem pensar. 

Diz a Constituição que o Pretório Excelso é composto de 11 juízes, dentre cidadãos de 35-65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Este último quesito não é exigível somente na porta da entrada, mas em toda a sua permanência no tribunal, até o fim. Ao deixar o Supremo, um país inteiro deve render homenagens ao magistrado, desde que tenha reconhecidamente honrado a toga. Comendas protocolares e encômios bajuladores valem tão pouco que não valem é nada. 

Quando Pedro fala de Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo. Esta frase, com jeito proverbial, é atribuída a Freud, mas não tenho certeza. Nem tenho certeza se ela está tão certa assim.

Jornal de Brasília - 29/7/2020

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