Cerca de 60 pessoas estiveram na sede do MPDFT para opinar sobre o trajeto dos blocos carnavalescos da capital
O carnaval de rua do Distrito Federal coloca em posições opostas moradores de quadras residenciais e foliões. Nesta terça-feira, 28 de junho, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) abriu as portas para escutar a comunidade, o poder público e os organizadores dos blocos carnavalescos sobre os percursos dos foliões, em especial aqueles que desfilam nas quadras residenciais. A intenção é antecipar o debate e promover adequações, elaboradas conjuntamente, a partir do próximo ano.
A procuradora distrital dos Direitos do Cidadão, Maria Rosynete de Oliveira, abriu a audiência reconhecendo a importância dos eventos carnavalescos e também a necessidade de acomodar os interesses de todos, sejam moradores ou foliões, além da responsabilidade dos organizadores e do poder público em proporcionar diversão com segurança. As manifestações dos participantes por meio de dúvidas, críticas ou sugestões foram registradas pelo Ministério Público. “A audiência foi muito rica em contribuições, todos foram escutados sem distinção e as informações vão subsidiar uma atuação fundamentada do Ministério Público”, esclareceu a procuradora.
O titular da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural, Roberto Carlos Batista, lembrou que o carnaval e as festas juninas são os dois maiores eventos com expressões culturais no DF. “Em uma sociedade democrática de Direito, não há como tomar decisões importantes sem a presença da comunidade”, destacou.
Espaço para manifestações
Cerca de 60 pessoas compareceram e elogiaram a iniciativa. O presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul, José Daldegan, trouxe a preocupação dos moradores e sugeriu que os blocos circulem em locais com mais mobilidade. “É muito importante este momento para pensar e planejar com antecedência. Todos os anos temos problemas com segurança, trânsito de pessoas e até depredação do patrimônio privado”, relatou. Por outro lado, os incentivadores da cena cultural brasiliense partilharam seus pontos de vista. Juliana Andrade Lima defendeu o amplo debate sob o viés cultural e não o da criminalidade, inclusive com consultas públicas.
Representantes do governo local e da Polícia Militar do DF também apresentaram seus posicionamentos. O chefe de gabinete da Administração do Plano Piloto, José Arnaldo Guedes, também elogiou a oportunidade da audiência como espaço para escuta coletiva. “Precisamos pensar em soluções levando em conta o número de participantes e também a tradição dos blocos. O exemplo do Suvaco da Asa foi muito positivo, com a mudança de local e a ampla participação dos foliões”, disse. Ele sugeriu a organização de um comitê, para se reunir periodicamente, a fim de conciliar os interesses.
A promotora de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística Maria Elda Fernandes encerrou a audiência destacando o saldo positivo dos debates: “Foi muito proveitosa a escuta dos problemas e também das sugestões apontadas pelos participantes. Brasília tem características urbanísticas peculiares, o que torna ainda mais complexa a questão da segurança, do patrimônio e das manifestações culturais”, completou. Ela também esclareceu que o Ministério Público não tem a intenção de trazer uma solução pronta: “Será preciso trabalhar em conjunto e de forma realista, pois as quadras não cresceram em estrutura nos últimos anos, mas sabemos que a participação popular nos blocos é maior a cada ano”, finalizou.
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