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Promotor de Justiça Ivaldo Lemos Junior

Existe um paradoxo na condição humana, que é componente inspirador dos estudos que desenvolvemos acerca de nós mesmos. Esses estudos são compartimentados em "matérias" ou "disciplinas" que justificam exatamente o que vamos fazer na escola: aprender as disciplinas, e assim aprender um pouco ou um pouco mais sobre quem somos.

Química, matemática, geografia etc., tudo isso faz parte do conhecimento do homem e do mundo. Nosso organismo é composto de partículas químicas que interagem com outros corpos e com todo um mundo que também é composto de incontáveis outras partículas químicas. A geografia nos situa no local onde estamos e nos ensina que há outros lugares onde não estamos. A matemática ajuda a raciocinar o abstrato, dando vida a algo que só existe no intelecto: ou seja, ajuda o homem a conversar consigo mesmo, de um modo elaborado, que transcende a imediatidade das coisas da vida.

Mas eu falei em paradoxo, e ele reside no fato de que as matérias não necessariamente se harmonizam, e sim conflitam entre si. "Não possuímos uma ideia una do homem", reclamava Scheler no começo do século passado. "A pluralidade sempre crescente de ciências especiais", dizia, "sempre encobre a essência do homem muito mais do que ilumina".

Tenho que o conflito da pluralidade mais patente se dá entre biologia e ética. Ou melhor: entre genética e moralidade. Ou se preferirem, entre a antropologia física e a cultural.

Não podemos ignorar o fato de que compartilhamos mais de 98% da programação genética com os chimpanzés. Um número altíssimo: somos mais próximos desses bichos do que o são as juruviaras de olhos vermelhos e as de olhos brancos. Mas essa comparação nos parece absurda, e assim parece porque é de fato absurda. É de um abismo intransponível a distância que nos separa. Mal e mal conseguimos assimilar que também somos animais, e não uma obra-prima, um capricho inclassificável da natureza.

Jornal de Brasília

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