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A mesma ambigüidade que marca a trajetória humana no nível individual marca a trajetória humana no nível geral, social, global, como queiram.

Vejam o direito. É perfeitamente possível - e de fato isso vem acontecendo há milênios, pelas cabeças as mais privilegiadas e também as mais contraditórias - compreender o fenômeno jurídico como algo bom e como algo ruim. E mais ainda: como algo bom e ruim ao mesmo tempo.

A tal "dignidade da pessoa humana" é um conceito totalmente vazio de conteúdo e é preenchido, para além do mero exercício de divagação, por quem tem autoridade para fazê-lo. A questão é portanto política e possivelmente de força. Por isso varia tanto no balanço das horas, dos anos, dos séculos, sem necessidade de se substituir a expressão em si, quando muito por outra equivalente e com a mesma função.

Outrossim, a mesma "dignidade da pessoa humana" é agitada como fundamento suficiente para se permitir a prática do aborto, como também para reprimi-la. Com as mesmas categorias de pensamento, com a mesma parafernália técnica, com a mesma densidade histórico-ideológica, com as mesmas prerrogativas lingüísticas, um instituto pode se prestar para a condução de valores e resultados tão absurdamente diferentes.

Mudando de assunto. Em "Do amor", Stendhal disse que "não está nos meus planos ter muitos leitores. Muito me alegraria agradar a 30 ou 40 pessoas de Paris que nunca verei, mas que amo loucamente".

Tampouco está nos meus planos ter muitos leitores. Não sei quantos me lêem ou já me leram, nem que seja uma única vez. Muito menos tenho como saber o que acharam, se chutaram o artigo como quem espana uma barata seca, ou se releram, fizeram anotações e guardaram. Ademais, não amo loucamente quem não conheço; amo loucamente uma meia dúzia de pessoas, que conheço muito bem.

Nesse estado de espírito coloco o ponto final neste que é o 150º artigo de minha autoria publicado aqui no Jornal de Brasília, a quem, mais uma vez, agradeço uma deferência que não mereço.

Jornal de Brasília

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