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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

"Sem interesses particulares não teríamos nenhum conhecimento, porque não veríamos nenhuma utilidade em nos darmos ao trabalho de adquirir tal conhecimento", escreveu um professor inglês de literatura. Para ele, "os interesses são constitutivos de nosso conhecimento, e não apenas preconceitos que o colocam em risco".

Dizem que isenção absoluta do sujeito cognoscente é impossível, a não ser que estejamos diante de uma ignorância também absoluta. Estaríamos falando de pessoas com sérios problemas mentais, ou de bebês de colo como encarnações desses exemplos, como um livro em que gnoseologia e psiquiatria ou pediatria se confundiriam como uma emulsão inseparável, como café com leite (a coisa não é tão simples, mas ficamos assim por enquanto).

Por essa premissa, questões de pré-compreensão são inevitáveis e moldam a compreensão propriamente dita. São inevitáveis, mas o que fazer com elas? São profícuas? São desejáveis? São manipuláveis ao bel prazer do próprio sujeito, ou, pior, de outros sujeitos que ousam penetrar na intimidade alheia? Se os interesses "constituem" o conhecimento, aparentemente não temos como desenvolver a ciência daquilo que não nos agrada por algum motivo, senão a partir de um mau começo, como o aluno de matemática que é medíocre na matéria porque detesta números e é incapaz de fazer contas as mais simples.

Nesse caso, a questão constitucional (vamos chamar assim) estaria vocacionada a um desafio de técnica pedagógica ou psicológica, a animar a curiosidade natural de cada pessoa no sentido de sua própria introversão.

De fato, a matemática é importantíssima para TODAS as pessoas, e a generalidade de suas fórmulas chegou a desempenhar uma espécie de "poder central" da razão humana, muito transcendente aos esforços individuais. Já se pensou até que Deus escrevera o mundo em linguagem matemática - e não faltaram candidatos a intérpretes de Seus códigos.

Mas mesmo os mais modestos vez ou outra precisam fazer contas elementares de cabeça.

Jornal de Brasília

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