Seu navegador nao suporta javascript, mas isso nao afetara sua navegacao nesta pagina MPDFT - Seminário discute atendimento a famílias em contexto de violência contra crianças e adolescentes

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Durante o evento, foi apresentado estudo realizado pelo Setor Psicossocial da PJ de Ceilândia sobre o perfil de vítimas e agressores atendidos na cidade

 PRO3336O seminário "Violência física e psicológica contra crianças e adolescentes", realizado na última sexta-feira, 17 de outubro, no Fórum de Ceilândia, reuniu membros do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e representantes de órgãos ligados à defesa dos direitos da infância. Na primeira parte do evento, uma exposição sobre os conceitos e desafios e uma mesa-redonda com a participação de promotores de Justiça para debater a proteção nas situações que envolvem esse grupo como vítimas de violência física e psicológica.

No período da tarde, o promotor de Justiça Irênio da Silva Moreira Filho e o juiz Franco Vicente Piccoli, ambos com atuação em Ceilândia, reforçaram a importância de oferecer à população um espaço de discussão e aprendizado sobre a temática. Uma pesquisa do Setor Psicossocial da Promotoria de Justiça da cidade foi apresentada durante a mesa-redonda e revelou informações importantes sobre o perfil das vítimas e agressores na região.

Impactos – A doutora em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (UnB) Silvia Lordello falou sobre as várias etapas do desenvolvimento infantil até a adolescência e os impactos das manifestações de violência que podem acontecer. Ela relatou experiências de trabalho com grupos terapêuticos para autores de violência: "É importante mostrar para o agressor que existe outra forma de agir, outro modelo de educar que não seja por meio da violência". Ela também falou dos impactos causados pela violência psicológica, que traz danos significativos à estrutura emocional da criança. "Sofrer violência na infância pode tornar a vítima uma pessoa insegura, com baixa autoestima, ausência de senso crítico sobre a violência, dificuldade de estabelecer relações positivas, e, em casos extremos, com tendência ao suicídio", relatou.

Violência física lidera em Ceilândia – A mesa-redonda "Atendimento a famílias inseridas em contexto de violência física e psicológica contra crianças e adolescentes: desafios para a rede de Ceilândia" reuniu representantes de instituições envolvidas no acolhimento de vítimas e autores. A chefe do Setor de Análise Psicossocial da PJ de Ceilândia, Elaine Vieira, apresentou estudo sobre os atendimentos realizados em 2014: foram 246, sendo 128 casos de violência contra crianças e adolescentes. "A violência física e psicológica contra essa faixa etária tem sido o tema de maior incidência nas perícias psicossociais do setor. O que se percebeu, durante os estudos realizados, é que essa violência, em alguma medida, é socialmente aceita e reconhecida como prática educativa pelos pais e responsáveis, e não como uma violação de direitos", relatou.

O estudo revelou que os principais tipos de agressões sofridas foram: a física, com 42,5% dos atendimentos registrados; em segundo lugar, a psicológica, com 21,6 % (contabilizados os casos em que ocorreu isoladamente, sem a presença da violência física); seguida da negligência, com 15,6%, e abandono de incapaz, em quarto lugar, com 9,7% dos casos. O trabalho revelou pouca diferença de gênero: 52% das vítimas eram do sexo masculino e 48%, do sexo feminino. A faixa etária com maior número de vítimas está entre 11 e 14 anos, com 30% dos registros; de 7 a 10 anos corresponde a 25,5%; de 4 a 6 anos, 20%; crianças de 0 a 3 anos foram vítimas em 18% dos casos e os mais velhos, de 14 a 17, totalizaram 5,5% das ocorrências.

O estudo também mapeou quem são os agressores. A mãe aparece como principal autora, com 47% dos registros; depois o pai, com 24%; a madrasta ou o padastro em 7,1%; a mãe juntamente com o padrasto em 8%; outros parentes em 5,3%; e o pai juntamente com a madrasta em 1,7% dos registros. O Setor Psicossocial identificou que, em 22% dos casos, o pai foi o responsável por procurar a PJ para denunciar a violência, seguido da mãe, com 18%. As denúncias anônimas chegam a 17% do total. Outros parentes correspondem a 10% dos casos, a escola, 7% e o Conselho Tutelar foi o responsável pelo registro em 6% dos casos. Outro dado importante apurado pela Promotoria de Ceilândia é que em 91% dos casos a criança reside com o agressor.

 PRO3352Conselho Tutelar e Creas – A responsável pelo Conselho Tutelar II de Ceilândia, Lara Cristina Saldanha, explicou a estrutura e as atribuições do órgão. Atualmente, funcionam quatro conselhos na cidade divididos por regiões. Segundo ela, neste ano, a unidade já recebeu mais de 300 denúncias, sendo a maioria de violência física e psicológica. A coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Ceilândia, Elissandra Deolindo, apresentou o trabalho realizado pelo órgão, a composição da equipe e a contribuição do centro para romper com os padrões de violência. Para a coordenadora, um dos grandes desafios é ter apenas uma unidade para atender a uma cidade tão populosa. Ao final, elogiou a realização do seminário e reforçou a importância do trabalho em rede: "Precisamos caminhar mais juntos, pois atendemos à mesma demanda, da mesma população", enfatizou.

Grupos de trabalho para agressores – A professora Maria Eveline Cascardo, do Instituto de Pesquisa e Intervenção Psicossocial (Interpsi), falou do trabalho que desenvolve com grupos de pais, mães e avós autores de maus-tratos. "Enfatizamos a transgeracionalidade, que é a transmissão de padrões de relacionamentos familiares que se repetem de uma geração a outra, bem como a importância da comunicação entre os indivíduos". Segundo ela, o objetivo é que os autores comecem a entender que o conflito pode ser resolvido com o diálogo. Para auxiliar nesse processo de reflexão comportamental são utilizadas técnicas de psicodrama: "Colocar-se no lugar do outro e inverter os papéis promove uma percepção diferente sobre os atos", explicou.

A assistente social Ana Miriam Barbosa compartilhou a experiência do Serviço de Atendimento ao Adolescente de Taguatinga (Adott). "O desafio é fazer que os autores compreendam que o grupo não é local de julgamento, mas de reconhecimento e reflexão do papel de cada um", explicou. No Adott, foi realizada uma pesquisa avaliativa, com o apoio de um psiquiatra voluntário, em que foi verificado transtorno psíquico em vários pais. Para Barbosa, isso demonstra que eles também precisam de tratamento. Nesse sentido, foi promovido um trabalho a fim de compreender as situações de estresse e treinar formas de enfrentamento dos conflitos: "Buscamos construir nos atendimentos uma parceria com as famílias e trabalhar relações protetivas. Reconstruir um canal de comunicação amoroso".

A promotora de Justiça Tatiana Meireles Martins coordenou as apresentações e reforçou que a integração proporcionada pelo seminário é importante para melhorar e aprofundar o diálogo interinstitucional. "Esse tema exige sensibilidade. Precisamos fortalecer, cada vez mais, a rede parceira e o engajamento de todos os envolvidos e promover a interlocução entre as ações de proteção a crianças e adolescentes do Ministério Público e da rede local, em busca da nossa finalidade maior, que é a defesa das crianças e adolescentes", destacou.

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