No segundo semestre, terá início a quarta edição de alfabetização dos terceirizados que trabalham no MPDFT. Mais de 70 pessoas já foram beneficiadas com a iniciativa

Além de promotores e de procuradores de Justiça, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) é composto por servidores de diversas áreas do conhecimento e terceirizados, que trabalham como garçons, copeiros e auxiliares de serviços gerais. Há cinco anos, a Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc) identificou terceirizados da instituição que não sabiam ler e escrever. Para mudar essa realidade, criou o projeto “Vivendo e aprendendo”.

Na última semana, uma das alunas da primeira turma do projeto concluiu o Ensino Médio. Ela participou das aulas de alfabetização entre 2014 e 2015 e não parou mais. Conceição de Maria Oliveira, Ceiça para alguns ou Concita para outros, chegou no MPDFT com grande dificuldade para ler e escrever. Aqui encontrou a oportunidade que precisava para voltar a estudar. “Eu já desisti bastante na minha vida, mas, hoje, só tenho a agradecer às professoras maravilhosas do Ministério Público e às minhas colegas da limpeza por todo o apoio, pois eu pude voltar a estudar para conseguir uma posição melhor e dar o exemplo para minhas filhas”, comemorou.

Concita, 41 anos, tem três filhas – Clara Cristina, Maria Eduarda e Hellen Jordana. “Não importa a idade, pois o esforço de voltar a estudar será recompensado”, completa. A filha mais velha de Concita, 20 anos, está cursando faculdade de Administração. As outras duas ainda estão na escola. Para ela, agarrar essa oportunidade no MP foi também uma forma de mostrar às filhas que todos merecem uma chance. “Nós cuidamos da limpeza para as outras pessoas, mas isso não significa que eu mereço menos. Aproveitei a oportunidade, participei do projeto e segui em frente”, afirma.

Projeto

A Proeduc, responsável por zelar pelo direito à educação de todos, não podia deixar que dentro da própria casa houvesse pessoas nessa situação. Treinou servidores para trabalhar como alfabetizadores e firmou convênio com a Secretaria de Educação. A Direção Geral do MPDFT liberou os terceirizados interessados no horário do expediente. As salas de treinamento foram transformadas com desenhos, letras e números. Assim começava a primeira turma de alfabetização.

“Ler, escrever e interpretar informações são direitos básicos do exercício da cidadania que o MPDFT, por meio do projeto ‘Vivendo e aprendendo’, proporcionou a quase cem pessoas que estão diariamente nos auxiliando. A mudança na vida dessas pessoas é visível a todos, começando dentro de casa, junto a seus familiares. Pessoas estimuladas que alçarão novos voos e perspectivas de vida. É uma alegria enorme ver os nossos alunos seguindo adiante e sendo um exemplo”, completou a promotora de Justiça Márcia Pereira da Rocha, coordenadora do projeto.

No segundo semestre, terá início a sexta turma de alfabetização. As quatro primeiras foram para os terceirizados que trabalhavam na sede do MPDFT. A terceira, para aqueles que trabalhavam na Promotoria de Justiça de Ceilândia. A nova turma será na Sede do MPDFT.

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