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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Como você, leitor leigo, acha que é o relacionamento entre o promotor e o juiz? Se você já entrou em uma sala de audiência, viu os dois sentados um ao lado do outro, o juiz no meio e o promotor à sua direita, a curtíssima distância, passível até conversas aos cochichos. O advogado fica abaixo, no mesmo plano das testemunhas e dos réus, numa disposição geográfica cheia de mensagens. Será que aqueles lá ficam de ti-ti-ti e conspirando contra este aqui?

Você já percebeu que quero chegar no episódio do ex-juiz Moro e dos procuradores da Lava-Jato. Mas é preciso limpar bastante o terreno e contar alguns segredinhos da atividade forense.

Em primeiro lugar, promotores realizam trabalhos completamente diferentes entre si. Alguns fazem audiências todos os dias da semana, enquanto outros vão ao Forum duas ou três vezes ao ano. Alguns trabalham sempre com o mesmo juiz, outros com vários juízes e outros com um juiz só, mas por escrito, ou seja, não se veem e se comunicam à distância, nos autos. Proximidade pessoal faz diferença, pois uma coisa é você trabalhar com quem conhece bem, outra, com alguém que nunca tinha visto antes.

Mas isso não significa nada, em princípio. Essa proximidade pode estreitar laços de amizade, pode não estreitar laço nenhum, pode gerar desafeição ou inimizade. Tudo é possível. Estamos falando de seres humanos como outros quaisquer, cada um do seu próprio jeito.

O promotor e o juiz têm o número do celular e trocam mensagens? Essa é uma pergunta que só é possível de ser respondida se os órgãos correicionais fizerem um questionário, e isso só vai acontecer se se tratar de um potencial problema funcional. Por exemplo, em 1998, na Inglaterra, por pressão da Associação das Mulheres Advogadas, o chefe do Judicário, Lord Irvine, pediu que os juízes homens declarassem se eram maçons-livres. Somente 5% admitiu que sim.

Jornal de Brasília - 19/6/2019

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