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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

A atividade teórica somente é profundamente autêntica quando inspirada pelo desafio de controlar determinado assunto que atormenta o âmago do estudioso, e não quando esse assunto não passa de um pretexto para a conquista de um título e da presunção juris et de jure (ou quase isso) de conhecimento e autoridade intelectual.

E mais: a pesquisa se desenvolve dentro de seu ritmo próprio, que não pode ser determinado ou mesmo pautado por questões como prazos, compromissos com bolsa e outras exigências administrativas, que precipitam conclusões imaturas. Em muitos casos, as conclusões não poderiam sequer estar maduras pois demandam muito mais tempo de coleta de dados, testes e contra-provas, o que só seria consolidado por uma geração seguinte, ou até mais. Não há problema nenhum nisso, a rigor. Em termos científicos, o que importa é o conhecimento objetivo, ou seja, o movimento da humanidade na direção do domínio da realidade. Por exemplo, pouco importa quem desenvolveu a vacina x ou y, e sim o que ela trouxe de benéfico para todos. Ter é tardar.

Por fim, estudo demasiado intenso em período curto não é necessariamente uma boa estratégia. Ler 100 páginas por dia vai entupir o estudioso de informações, e o que ele precisa não é apenas adquiri-las, mas processá-las, articulá-las, deixar fazer sentido dentro dele e na reflexão de seu trabalho. Quando lemos um livro que mexe com nossas estruturas intelectuais ou psicológicas, o que precisamos fazer é ir com cuidado, devagarzinho, com pausas táticas, deixando o conteúdo decantar, reler, reler. Mas, se no dia seguinte, houver outras 100 páginas para enfrentar, o que deveria ser um banquete dos czares se torna um rodízio de churrascaria, em que os garçons te assediam para que você se empanturre, pague a conta e vá-se embora.

Jornal de Brasília - 20/2/2019

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